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Capítulo
do livro "Petrobrás: esse patrimônio é nosso." de Euzébio
Rocha.
.
Contratos
de risco
.
- Euzébio Rocha -
.
Com
o advento do fim do monopólio da Petrobrás na exploração
de petróleo em território nacional, cabe
meditar
que não é a primeira vez que se abre a exploração
para empresas privadas, em sua maioria
estrangeiras.
O autor analisa a entrega feita em 1975 de áreas de exploração
para empresas privadas
e
seu resultado.
.
Examinando-se os fatos e os dados do período, têm-se a impressão
de que estava sendo preparado o palco para apresentação dos
contratos de "risco". O grifo é para evidenciar que não há
risco nos contratos de risco. Se os riscos da pesquisa e exploração
não fossem compensados pela produção, há muito
as multinacionais do petróleo não tinham tal atividade, pois
não são sociedades de benemerência, mas empresas sedentas
de grandes lucros.
Em 9 de outubro de 1975, contrariando a Constituição e a
legislação ordinária, autoritariamente, de forma clandestina,
os contratos de risco foram introduzidos no Brasil.
Recordo que a decisão se deu em clima de supressão de liberdade
de debate, pois a censura à imprensa proibia qualquer divulgação
que contrariasse a decisão presidencial. Todas as entrevistas que
dei foram censuradas. Não foram publicadas. Não poderia ser
omisso em ocasião que era preciso falar. Tirei 10.000 exemplares
de livro por mim editado: "MENSAGEM AOS MOÇOS: CEDER PETRÓLEO
É CEDER SOBERANIA". Divulguei amplamente, e ainda, guardo alguns
exemplares. Afirmei, então, que as multinacionais do petróleo
não estavam interessadas em aumentar a produção de
petróleo, mas em controlar reservas para serem usadas segundo a
conveniência das referidas empresas, pois a produção
atual atende, perfeitamente, o seu mercado cativo.
A decisão presidencial, anunciada pela televisão, afirmava
que as empresas estrangeiras resolveriam o nosso problema de produção
de petróleo através de um aporte significativo de capital
e de novas tecnologias.
As empresas referidas tiveram todas as facilidades. O Ministro Cals por
telex - que considerei o telex da vergonha nacional, - cumprindo
ordem do presidente, determinou à Petrobrás (item 2 do telex)
"Oferecer
às empresas privadas a possibilidade
de ter acesso
a bacias inteiras, inclusive propiciando-lhes
toda a informação
geológica necessária, sobre a área
total das
bacias, para que possam ser escolhidos os
blocos que
interessam a cada empresa".
Assim, aconteceu no Brasil, o maior escândalo da história
do petróleo.
Quinze anos de contratos de risco não propiciaram a produção
de nenhuma gota de petróleo. Foram dadas às empresas contratantes
todas as condições para obter sucesso: 86,4% da nossa área
sedimentar foram entregues às multinacionais, ficando a Petrobrás
reduzida a 13,6%. Os 243 contratos firmados cobrem uma área de aproximadamente
1,5 milhão de quilômetros quadrados. Tal área corresponde
às superfícies somadas dos estados do Ceará, Espírito
Santo, Maranhão, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande
do Sul e o Distrito Federal.
O aporte financeiro significativo, também, não veio. Nesse
sentido também falharam as promessas de 1975. Todos os investimentos
das empresas contratantes, segundo dados oficiais da Petrobrás,
no período de 1977-1986, foram de US$ 1.6 bilhão. Desse total
devemos subtrair US$ 500 milhões gastos na aventura da Paulipetro,
US$ 500 milhões gastos no exterior na aquisição de
sondas, materiais de consumo, muitos dos quais poderiam se adquiridos no
Brasil e pagamentos de salários em dólares. De fato, restam
US$ 350 milhões que foram os investimentos efetivos. Confirmou-se
a nossa previsão, as referidas empresas não estavam interessadas
em produzir mais petróleo, mas de manter reservas. Compare-se
os investimentos da Petrobrás no mesmo período, que atingiram
US$ 19.7 bilhões, sendo US$ 6.7 bilhões apenas na exploração.
Diante de tais evidências e atendendo aos superiores interesses do
País, a Assembléia Nacional Constituinte proibiu a assinatura
de novos contratos de risco. Sem, dúvida, uma vitória do
Brasil.
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Brasil,
ame-o ou deixe-o.
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