Revista do Clube Militar, Novembro/1999.
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A República Ianomâmi
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- Ruy de Paula Couto -
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O autor fala dos interesses obscuros relacionados com a criação da área Ianomâmi e alerta para o
surgimento no exterior da idéia de uma “República Socialista Ianomâmi”.

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    A respeito dos chamados Ianomâmis, convém iniciarmos lembrando a inexistência de tribo com tal denominação em território brasileiro, pelo menos até o ato de nosso Governo Federal que assim denominou os remanescentes de diversas tribos locais, perfazendo um total de cerca de seis mil indivíduos.
    Essa foi a conclusão de indianistas e estudiosos da área amazônica, como o saudoso Cel Carlos Alberto Menna Barreto, que exerceu vários comandos na fronteira e, posteriormente, foi Secretário de Segurança do Estado de Roraima.  Havendo passado cerca de dez anos pesquisando os assuntos daquela região, percorreu inteiramente a área dita Ianomâmi, onde apenas encontrou grupos esparsos de índios, com línguas, costumes e até tipos físicos diferentes, mas nenhuma, entre as dezoito tribos relacionadas, com a denominação “Ianomâmi”.
    Após minuciosas pesquisas, escreveu o livro “A Farsa Ianomâmi”, publicado pela Biblioteca do Exército, afirma que “a tribo Ianomâmi não passa de história de ficção ou de uma farsa”, parecendo que esses grupos esparsos, por “interesses inconfessáveis estão sendo relacionados sob o mesmo rótulo de Ianomâmi” e naturalmente instruídos posteriormente, para que confirmem essa denominação.

    Apesar disso, o Presidente da República da época, recebendo pressão dos E.U.A., conforme foi noticiado, determinou a demarcação do imenso território de 94000 km2 e, para cúmulo, deu a denominação de “nação”, como se fosse possível haver outra nação dentro da Nação Brasileira.
    Esse ato, que afronta a soberania nacional, atendeu aos interessados na internacionalização da Amazônia, que agora podem clamar pela libertação do “povo dominado e espoliado” pelo BRASIL.

    Já existem fatos concretos que demonstram claramente que tudo foi obra de bem montada manobra internacional visando ao futuro desmembramento da nossa Amazônia. A revista “A Defesa Nacional”, em seu número do 2o trimestre de 1996, publica interessante artigo de autoria de Gilberto Paim sob o título “Sobre a República Socialista Ianomâmi”, no qual comenta:
     “Há algum tempo, encontram-se em discussão específicos da situação de algumas populações indígenas na região Norte. Examina-se, em particular, a questão das vastas extensões oficialmente definidas como terras indígenas, em favor de grupamentos ianomâmis, nas reservas para eles deferidas no Amazonas e em Roraima".
    Podemos considerar ridículo o chamado “Governo da República Socialista Ianomâmi”, formado no exterior, que tem como presidente um cidadão americano, Mr. Charles Dunbar, nascido em Conneticut e “naturalizado” ianomâmi. O vice-presidente é alemão, e os ministros pertencem a várias nacionalidades. Faz parte do governo um índio, Akatoa, supostamente de origem ianomâmi. Para completar o ridículo, a República Socialista Ianomâmi tem um “parlamento” composto de 18 membros. Não obstante seus aspectos risíveis, o Brasil não pode ficar indiferente a iniciativas como a dessa República que tem um governo no exílio.
    Para completar a farsa, esse governo até emite passaporte. O Governador Neudo Ribeiro Campos, de Roraima, em outubro de 1996, durante o III Encontro Nacional de estudos Estratégicos, realizado no Rio de Janeiro, mostrou um passaporte expedido pela “Nação Ianomâmi”, demonstrando claramente que pretendem fazer com que o governo dessa “nação” se apresente como um fato real, com vida própria.

    Podemos afirmar que nada tem de ridículo a criação desse “governo exilado”, pois tudo demonstra que está dentro de manobra internacional, muito bem planejada e em plena execução, visando a conseguir, ou pelo menos, a tentar apossar-se dos 94.000 km2, em território brasileiro, ao qual somam-se outros 83.000 km2 na Venezuela, totalizando 177.000 km2, pois, conforme preconizam os “verdes”, deve ser mantida a unidade territorial indígena, e tudo seria facilitado pela inexistência de linha divisória perfeitamente demarcada na região.
    Todos os atos demarcatórios parecem haver sido comandados do exterior, contando com o apoio de entreguistas, que tudo facilitam para que sejam feitas essas exageradas delimitações de áreas, onde supostamente viveriam indígenas, através de simples portarias do Ministério da Justiça, sem que tivessem sido ouvidos os órgãos responsáveis, como o Congresso e o Conselho de Defesa Nacional.
   A qualquer momento, pode ser desencadeada uma campanha, bem orquestrada, pela independência dessa “pobre nação, subjugada e explorada” , como alegarão, pela Nação Brasileira, e isso terá pleno apoio da ONU e do Grupo dos Sete.

    Que espera nosso Governo para eliminar essa manobra, anulando a denominação de “nação”, conferida a essa descomunal reserva?
    Atualmente o narcotráfico está permitindo uma grande ingerência externa na situação interna da Colômbia, não estando descartada a intervenção militar, como foi proposto pelos E.U.A., por parte de um grupo de países, “vizinhos ou simplesmente relacionados política e economicamente” (!?). A situação de uma força militar dessa natureza na fronteira do BRASIL acarretará problemas muito sérios, pois, em tal caso, esbarrarão com as FARC que procurarem refúgio no lado de cá? A nossa guarnição militar na região terá condições para garantir a inviolabilidade do território nacional?
    Uma ação dessas demonstraria a facilidade com que poderão ser feitas outras, inclusive para apoiar a “independência” da “República Socialista Ianomâmi”.


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